sábado, 15 de dezembro de 2012

Selvageria são-paulina

O que ocorreu antes e durante esta final da Sul-americana não é coisa deste mundo, mundo que julgamos ser de homens e mulheres inteligentes e racionais. Mostrou a estupidez do futebol atual.

Estão criticando a atitude do time argentino.  Porém, eles fizeram o que deveria ser feito. Vejam que durante todo o trajeto do ônibus, desde a saída do hotel, o ônibus foi acompanhado por quadrilhas de torcedores. Ao chegar ao estádio seu ônibus, que naquele momento era a casa do time argentino, foi apedrejada por bandidos travestidos de torcedores quebrando vidros e colocando horror nos argentinos. Uma intimidação sem fim. Isto, sem dúvidas, faz com que aqueles atletas entrassem em campo pilhados e esgotados com tais selvagerias. Em meio aos dois tempos, ocorreu uma briga generalizada entre argentinos e seguranças paulistas, sendo aqueles encurralados dentro de seu próprio vestiário, naquele momento sua casa e, portanto, deveria ser seu porto seguro. Todo o ocorrido foi de uma brutalidade criminosa dos paulistas. Maus anfitriões.
E o pior, isto tudo acirra uma rivalidade idiota. Por culpa de todos, da imprensa que vive dizendo que ganhar de argentino é muito melhor, por culpa de clubes e direções imbecis que acham que violência é sinônimo de imposição e vitória, e de torcedores violentos, verdadeiros bandidos cujo único destino legal é a cadeia.
Enfim, fiquei com nojo do que vi. E estou com nojo de pessoas que escrevem, em diversos meios, provocações infantis, pois desconhecem o poder das palavras. Estou com nojo também desta imprensa falida e burra que repercute a voz das imbecilidades e só faz acirrar os ânimos e a violência destes bandidos que se dizem torcedores.

Depois de ver a final da Sul-americana, tenho dúvidas se ainda quero continuar gostando de futebol. Pois me parece demasiado amar o que outros parecem odiar, a ponto de assassinar ou de querer assassinar pessoas por conta disso.
Para coroar a bestialidade que se transformou a imprensa, alguns veículos repercutiram títulos do tipo: “Olé e surra”, vangloriando-se do que fizeram. O que dizer disso? E se fosse o contrário? Não tenho dúvidas, os paulistas e a imprensa estariam chamando os argentinos de animais. Creio que tal episódio apenas evidenciou o que já se nota há muito: está impossível de se praticar futebol com torcedores nos estádios. No futuro, todos os bons torcedores não mais irão a estádios. Os estádios estarão cheios de bandidos, e apenas eles lá ficarão até sobrar um único, pois todos os demais estarão mortos, entre eles mesmos.

Parece-me claro que todos deveriam pensar sobre seu papel nesta sociedade do futebol e o que poderia fazer para dar sua contribuição de melhoria nisto tudo. Quanto a CONMEBOL levou um tiro quase mortal com esta final. Ou ela faz algo que nunca fez, ou ela vai se afundar. Não acredito que a FIFA não tome uma atitude diante da selvageria paulista. No meu entender, a CONMEBOL deve ser revista pela entidade maior e o São Paulo deveria receber uma punição absolutamente exemplar, pra servir de escola que pra se ganhar, só no futebol. E que nem tudo vale.
Achei injusto o título do São Paulo, não pelo futebol. Futebol o São Paulo tem de sobra. Mas pela forma como tudo ocorreu. Ninguém merece o que lá se passou, nem torcedor, nem argentino, nem a nossa sociedade que aprecia futebol, nem a televisão, nem o mundo que também assistiu a tudo. Os paulistas deram uma aula de como não proceder, de como não ser anfitrião, de como não fazer para ganhar. O São Paulo e a parte bandida de sua torcida ensinaram como ganhar na marra, sem precisar.