quinta-feira, 18 de abril de 2013

Kalil e Sanchez


Quase vomitei ao ler este texto do Juca Kfouri, "Kalil e Sanchez". Não pelas palavras e frases, sempre muito bem construídas. E sim pelo mau cheiro do chorume que o lixo humano nele contido me provocou. Segue o texto...

http://blogdojuca.uol.com.br/2013/04/kalil-e-sanchez/


A entrevista de Alexandre Kalil ao “Bola da Vez” da ESPN Brasil está fazendo barulho porque ele garantiu que o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, trocou o estádio em Itaquera por implodir o Clube dos 13.

Que Sanchez tenha dito isso a Kalil, como contou o presidente do Galo, não há por que duvidar.
Sanchez é um boquirroto incorrigível.

Também um dia garantiu à boca pequena que o Corinthians não cairia para a segunda divisão, assim como não deixaria escapar o título da Copa do Brasil para o Sport, no Recife.
Como se sabe, o Corinthians caiu e perdeu para o Leão.

Verdade, também, que desde que chegou à presidência do Corinthians ele falava cobras e lagartos do Clube dos 13.

Só que falava, também, da CBF.

E se aliou miseravelmente à CBF, como apoiara, antes, a MSI.

Se trocou o estádio pela implosão só ele pode confirmar.

O que parece improvável é que uma coisa dependesse da outra.

Claro é que o estádio foi fruto da gestão de Lula junto à Odebrechet, irrigado por dinheiro, direta ou indiretamente, do contribuinte.

Razão pela qual é possível dizer que nunca jamais o Corinthians teve um presidente tão bom como…Lula…

Assim foi que o Morumbi levou um drible e uma imperdoável bola nas costas.

Em tempo: Sanchez fala pelos cotovelos e dá bom dia a cavalo a tal ponto que, como recentemente aqui foi reproduzido, disse à revista “Época” que no dia que se contasse a verdadeira história do estádio corintiano iria ficar muito mal para alguém.

Deixou claro que este alguém se chama Luiz Inácio Lula da Silva.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Educação também como melhoria social

Do extraordinário Luiz Guilherme Piva, um texto para nossa reflexão...

Muita gente critica o que seriam leniências do setor público em relação à educação, enfatizando dois pontos. O primeiro é a aprovação ou promoção quase compulsória dos alunos do ensino fundamental. O segundo é a aceitação de abertura de inúmeros cursos superiores.

No primeiro caso, alega-se que tal política não só forma maus alunos, que fracassarão adiante, como também os deseduca socialmente, uma vez que retira dos professores e diretores o poder de puni-los pela reprovação ou retenção.

No segundo caso, a crítica é à enxurrada de maus profissionais no mercado de trabalho, o que prejudica o recrutamento, a produtividade e a competitividade e, em alguns casos, compromete a segurança (engenharias, saúde etc.).

Não nego totalmente esses aspectos. Têm de ser, na medida razoável, considerados e mitigados. Mas é preciso que esses críticos observem os benefícios dessas políticas --que não são triviais e podem, se forem acompanhados de aperfeiçoamentos, sustentar sua continuidade e sua ampliação.

As crianças que estão em escolas públicas são carentes não só de recursos financeiros, como também de condições de habitação, saneamento e alimentação, entre outros. A estrutura social e familiar que as cerca muitas vezes é precária --no sentido de assegurar proteção, afeto, referência moral e autoestima.

Estudar, nesse caso, é um acidente que, tão logo seja possível, será descartado, com apoio de parentes e amigos, em prol de formas mais rápidas (e nem sempre legais) de sobrevivência e ascensão social.
Em resumo, tudo atua para que essas crianças saiam da escola. A escola precisa, então, disputá-las com seu ambiente, para ganhar sua adesão, sua permanência, sua continuidade. A reprovação, certamente, não ajudará nesse desafio.

Para os que treplicarem que é melhor resolver antes a questão social, apresento dois argumentos: a) isso demora; e b) manter mais crianças na escola por mais tempo diminui o problema social a ser resolvido.

Quanto à crítica à proliferação de escolas superiores --à qual eu poderia adicionar pelo menos uma, que é sua utilização como base de sustentação política--, considere-se que elas põem em contato com livros, fotocópias, computadores, professores, colegas, trabalhos, exercícios, discussões, ambientes, dados, informações, formas de convívio, pesquisas e tudo o mais que existe nas comunidades acadêmicas, uma massa de adultos que dificilmente teriam tais experiências.

Alguns deles serão bem-sucedidos, mesmo oriundos de escolas fracas. O mercado os testará sem comiseração. Outros não vingarão em sua área, por seleção do mercado ou porque o curso não lhe interessava como vocação profissional e, sim, como qualificação salarial (que poderão obter).

Talvez sigam em suas profissões de nível médio --mas muito mais qualificados, educados, instruídos. Talvez empreendam --com muito melhor formação. E muitos outros talvez nem concluam seus cursos, ou os concluam de forma muito negligente. Mas todos eles terão lido, assistido a aulas, convivido com universos que, no mínimo, propiciarão parâmetros novos, diferentes do exclusivismo do ócio, da violência e dos vícios.

Também aqui se pode argumentar que a questão social é mais relevante e precedente. Eu respondo com as seguintes questões: pergunte aos familiares e convivas desses adultos se a relação com eles é indiferente à sua condição de estudante; imagine como esses adultos tratarão seus filhos em relação à educação e a comportamentos, interesses e ambições; e imagine essa massa de adultos que afluiu a tais escolas nos últimos anos se sua demanda não tivesse sido atendida.

É uma forma mais complexa de fazer a discussão. Mas vale a pena.

LUIZ GUILHERME PIVA, 50, economista, mestre e doutor em ciência política pela USP, é diretor da Angra Partners. Publicou "Ladrilhadores e Semeadores" (Editora 34) e "A Miséria da Economia e da Política" (Manole)

domingo, 3 de março de 2013

Marina Silva e a sua Rede


Juremir Machado publicou um resumo em seu blogue no dia 1 de março sobre a ex-candidata a presidente Marina e seu novo partido político, o REDE. Cito resumo, pois resume bem todas as circunstâncias deste momento para Marina e seu novo partido. Além disso, me parece, a leitura permite situar seus possíveis filiados e adversários.


Publico abaixo o texto completo.

Marina Silva e a sua Rede

Postado por Juremir em 1 de março de 2013 - Política

Escrevi, outro dia, sobre o novo partido de Marina Silva.
A exemplo de muitos colegas de mídia, não fui totalmente convencido pelo discurso feito pela ex-senadora. Pareceu-me um partido, ainda que sedutor, progressista e moderno, feito sob medida para a candidatura de Marina à presidência da República. Nada de ilegal ou de imoral nisso, mas é algo que acontece com frequência. Uma das questões cruciais é a dos fichas sujas.

É tema complexo, pois atenta contra a presunção de inocência.
Por outro lado, a não aplicação dessa barreira, tem facilitado a vida de muita gente não inocente neste Brasil escolado em dribles na justiça e na moral.

Eu acredito nas boas intenções de Marina Silva.
Mas acho que ela ainda terá de ser mais convincente em temas como aborto.

Comparei a sua posição sobre não ser situação nem oposição com aquela feita por Kassab quando fundou o PSD. Muita gente competente discorda.
Eu fiz minha consideração tendo ouvido na televisão a explicação completa de Marina sobre esse item. Entendi as nuanças, não fazer ao oposição ao que for considerado certo, não apoiar por pragmatismo o que está errado.

Um amigo me enviou a fala dela que eu tinha ouvido: “No Brasil, o padrão que se criou é o de ‘partidos de oposição’ que questionam tudo o que os governos fazem e se opõem a todas as suas iniciativas, inclusive aquelas que eles mesmo sabem que são corretas e necessárias; por outro lado, os chamados ‘partidos de situação’ defendem os governos em tudo, inclusive naquelas iniciativas e condutas que eles sabem que são insustentáveis. Uma parte da desmoralização da política está precisamente aí, nesta postura alienada do bem comum. Neste sentido, a Rede não será ‘de oposição’ ou ‘de situação’, ela será um partido de posição. Nos temas da sustentabilidade e nas condutas que consagram as velhas formas de fazer política, nós seremos oposição ao governo federal;
nos temas da inclusão social, como o bolsa-família ou o Prouni, nós daremos integral apoio”.
Faz sentido, tem coerência e razoabilidade, mas não me convence totalmente.

Há uma totalização: nem sempre isso acontece. Pedro Simon votou contra a eleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado. Ana Amélia Lemos também. É pouco? Claro. Mas são atitudes que não podem ser ignoradas.
Um partido que não está na base do governo, por ter projeto próprio, precisa assumir “posição” e ser de oposição. Não de oposição extremista e inconsequente, raivosa e ideológica no sentido da deformação da realidade, mas de oposição na medida em que, se não está na base do governo, é por ter posições essenciais, traduzidas num projeto, que o opõe à situação.

Embora as intenções de Marina e Kassab sejam diferentes, pois ela quer trabalhar pelo Brasil e Kassab está mais preocupado com seus interesses, as frases de ambos não são muitos distintas. Kassab também quis dizer que apoiaria o que lhe parecesse bom e recusaria o que lhe parecesse ruim.
Marina saiu do PT por se opor ao seu modo de atuação.

Saiu do PV pelas mesmas razões.
Ela faz oposição ao petismo no poder.

Certamente se fosse o governo do DEM a sua oposição seria mais clara e a sua frase menos nuançada. Nada de estranho nisso. Ela tem muitos pontos de contato com seu antigo partido. Creio que a sua frase ficaria mais convincente se fosse assim: “Faremos oposição responsável: apoiaremos o que nos parece correto e combateremos o que nos parece errado. Temos um projeto próprio, que se opõe, na essência, ao que está sendo executado pela atual situação”.
Um partido consequente que nasce, por ter um projeto alternativo aos que estão no mercado político, e não se declara de oposição, embora defenda posição, joga um pouco com as palavras. A Rede de Marina é de oposição, como se diz, a tudo que está aí, mas quer fazer oposição qualificada, consequente, madura, refletida, diferente da oposição fanática que se fazem PT e PSDB, por exemplo. Mas a sua declaração, apesar de todas essas ressalvas, lembrou muito mais o pragmatismo de Kassab, embora com embalagem mais sofisticada, do que uma ruptura de paradigma.

No comando de um partido ousado, Marina terá de se acostumar a ter cada uma das suas declarações analisadas, discutidas, pesadas e até contestadas.
Marina tem ideias arrojadas. Vai precisar debulhar a cada dia as pequenas ou grandes contradições que um projeto de poder inevitalmente produz.

Dou a mão à palmatória: compará-la com Kassab não deixa de ser injusto.
Mas ela vai precisar produzir frases melhores para ficar bem longe dele.

http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=3877

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A burrice humana está matando nossos jovens


É difícil criticar, pois parece que se fala ou escreve em cima de algo que já aconteceu. Mas a tragédia gaúcha ocorrida na madrugada deste domingo, dia 27 de janeiro de 2013, na boate Kiss de Santa Maria, a Cidade Universitária, é prevista que vai acontecer em algum momento, por conta da mais absoluta falta de bom senso de quem faz eventos e shows públicos. E, principalmente, pela falta de regras rígidas e protocolos que normatizem estes eventos públicos, proibindo, entre outras coisas, fogos de qualquer tipo. Fogos de um show idiota que causaram a morte de, pelo menos, 231 pessoas e mais de 100 feridos.
Lembro-me quando morava no nosso Rio Grande, era comum ir a festas de aniversários de filhos de parentes e amigos. E, por essas irracionalidades que eu nunca entendi, era moda ter shows pirotécnicos de alguns grupos, tipo pessoal de bar, etc. Então, imagine você um aniversário com aquele monte de enfeites de papel, por todos os cantos, pelas mesas, pelos tetos, etc?! Em duas festas houve acidentes com respingos dos shows pirotécnicos sobre estes papéis.  Por sorte, e somente por sorte, os extintores funcionaram.
Infelizmente, agora, nos resta apenas a solidariedade da dor aos familiares, porque nada pode ser feito para que estas vidas voltem. Mas que sirva para se mudar radicalmente a história futura de eventos e shows públicos. E que as regras sejam muito rígidas e fiscalizadas, que se proíbam definitivamente fogos de qualquer tipo nestes eventos, pois bestas irracionais humanas, como estas que fizeram este tipo de show, sempre vão existir. Cabe a quem de direito ou de bom senso proibir que se manifestem.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Estelionato Fiscal


Por Mirian Leitão
http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2013/01/06/estelionato-fiscal-481116.asp

Mirian Leitão atua em jornalismo econômico e de negócios. É colunista do jornal O Globo.


Pode levar anos para consertar o que a bagunça da atual administração da política econômica do Brasil tem feito. Aos poucos, está sendo dilapidado o patrimônio de solidez fiscal do país. Com truques contábeis, jeitinhos, mudanças de regras, invenções, o ministro Guido Mantega está minando o que o Brasil levou duas décadas para construir: a base da estabilização.

De todos os erros do ministro, esse é o pior. Mantega está tirando a credibilidade dos números das contas públicas. Mesmo quem acompanha o assunto já não sabe mais o valor de cada número que é divulgado.

O governo autorizou o resgate antecipado de R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano. Isso é 81% de um dos fundos do FSB. Além disso, o BNDES pagou R$ 2,3 bilhões e a Caixa R$ 4,7 bilhões, definindo esse dinheiro como dividendo antecipado para o Tesouro.

Está fabricando dinheiro. O Tesouro se endivida, manda o dinheiro para os bancos públicos, depois extrai deles recursos antecipados, alegando serem dividendos de balanços ainda nem fechados. Os recursos são registrados como arrecadação no fechamento das contas do ano. É estelionato fiscal.
Foram tantos truques em que dívida do Tesouro virou receita do governo para fingir o cumprimento de metas fiscais que hoje ninguém sabe dizer qual parte é confiável dos números que o governo divulga. Só com truques, diferimentos, transformismos e abracadabras, o Ministério da Fazenda conseguiu chegar à meta do ano.

A Caixa recebeu dinheiro público recentemente, e agora está antecipando dividendos ao Tesouro. A capitalização foi feita para fortalecer a instituição centenária da fragilidade financeira em que ficou após operações como a compra de 49% de um banco falido, no qual teve depois que despejar mais dinheiro.

As transferências para o BNDES aproximam-se de R$ 300 bi. Nascem como dívida, viram empréstimo subsidiado, e depois dividendo antecipado para o Tesouro. Com manobras circulares assim que se montou o mais nefasto e inflacionário dos mecanismos do passado, a conta movimento.
O Fundo Soberano era para ser um fundo de longo prazo onde fosse feito um esforço extra de poupança para momentos de crise. Em 2012 o país não cresceu, mas não foi ano exatamente de crise.
A mudança da Lei de Responsabilidade Fiscal é um atentado à viga mestra do edifício que os brasileiros construíram para ter uma moeda estável. Se a Fazenda considera que o custo da dívida dos entes federados ficou incompatível com a atual taxa de juros no Brasil, precisa abrir um debate amplo, sério e transparente para se encontrar a saída sem fazer rachaduras na sustentação da estabilidade.

Na época da renegociação, foram oferecidas duas taxas de juros aos devedores: quem fizesse um ajuste prévio pagaria 6%, quem não quisesse fazer pagaria 9%. A prefeitura de São Paulo escolheu não se ajustar e pagar mais. Agora, o governo está oferecendo a todos os juros de 4%.

A conta dos desatinos fiscais da atual equipe econômica chegará, mas quando os autores das artimanhas contábeis não estiverem mais lá para responder. Como sempre, a conta cairá sobre a população. O governo militar inventou artefatos de fabricação de dinheiro que produziram inflação. A democracia consumiu uma década para desarmar essas bombas. Os riscos a que o governo tem exposto o país são enormes.

Era preferível o governo ter simplesmente admitido que em 2012 arrecadou menos do que previa e, por isso, não pôde cumprir a meta. Ao mesmo tempo, se comprometeria a fazer esforço extra em ano de maior crescimento.