segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A burrice humana está matando nossos jovens


É difícil criticar, pois parece que se fala ou escreve em cima de algo que já aconteceu. Mas a tragédia gaúcha ocorrida na madrugada deste domingo, dia 27 de janeiro de 2013, na boate Kiss de Santa Maria, a Cidade Universitária, é prevista que vai acontecer em algum momento, por conta da mais absoluta falta de bom senso de quem faz eventos e shows públicos. E, principalmente, pela falta de regras rígidas e protocolos que normatizem estes eventos públicos, proibindo, entre outras coisas, fogos de qualquer tipo. Fogos de um show idiota que causaram a morte de, pelo menos, 231 pessoas e mais de 100 feridos.
Lembro-me quando morava no nosso Rio Grande, era comum ir a festas de aniversários de filhos de parentes e amigos. E, por essas irracionalidades que eu nunca entendi, era moda ter shows pirotécnicos de alguns grupos, tipo pessoal de bar, etc. Então, imagine você um aniversário com aquele monte de enfeites de papel, por todos os cantos, pelas mesas, pelos tetos, etc?! Em duas festas houve acidentes com respingos dos shows pirotécnicos sobre estes papéis.  Por sorte, e somente por sorte, os extintores funcionaram.
Infelizmente, agora, nos resta apenas a solidariedade da dor aos familiares, porque nada pode ser feito para que estas vidas voltem. Mas que sirva para se mudar radicalmente a história futura de eventos e shows públicos. E que as regras sejam muito rígidas e fiscalizadas, que se proíbam definitivamente fogos de qualquer tipo nestes eventos, pois bestas irracionais humanas, como estas que fizeram este tipo de show, sempre vão existir. Cabe a quem de direito ou de bom senso proibir que se manifestem.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Estelionato Fiscal


Por Mirian Leitão
http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2013/01/06/estelionato-fiscal-481116.asp

Mirian Leitão atua em jornalismo econômico e de negócios. É colunista do jornal O Globo.


Pode levar anos para consertar o que a bagunça da atual administração da política econômica do Brasil tem feito. Aos poucos, está sendo dilapidado o patrimônio de solidez fiscal do país. Com truques contábeis, jeitinhos, mudanças de regras, invenções, o ministro Guido Mantega está minando o que o Brasil levou duas décadas para construir: a base da estabilização.

De todos os erros do ministro, esse é o pior. Mantega está tirando a credibilidade dos números das contas públicas. Mesmo quem acompanha o assunto já não sabe mais o valor de cada número que é divulgado.

O governo autorizou o resgate antecipado de R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano. Isso é 81% de um dos fundos do FSB. Além disso, o BNDES pagou R$ 2,3 bilhões e a Caixa R$ 4,7 bilhões, definindo esse dinheiro como dividendo antecipado para o Tesouro.

Está fabricando dinheiro. O Tesouro se endivida, manda o dinheiro para os bancos públicos, depois extrai deles recursos antecipados, alegando serem dividendos de balanços ainda nem fechados. Os recursos são registrados como arrecadação no fechamento das contas do ano. É estelionato fiscal.
Foram tantos truques em que dívida do Tesouro virou receita do governo para fingir o cumprimento de metas fiscais que hoje ninguém sabe dizer qual parte é confiável dos números que o governo divulga. Só com truques, diferimentos, transformismos e abracadabras, o Ministério da Fazenda conseguiu chegar à meta do ano.

A Caixa recebeu dinheiro público recentemente, e agora está antecipando dividendos ao Tesouro. A capitalização foi feita para fortalecer a instituição centenária da fragilidade financeira em que ficou após operações como a compra de 49% de um banco falido, no qual teve depois que despejar mais dinheiro.

As transferências para o BNDES aproximam-se de R$ 300 bi. Nascem como dívida, viram empréstimo subsidiado, e depois dividendo antecipado para o Tesouro. Com manobras circulares assim que se montou o mais nefasto e inflacionário dos mecanismos do passado, a conta movimento.
O Fundo Soberano era para ser um fundo de longo prazo onde fosse feito um esforço extra de poupança para momentos de crise. Em 2012 o país não cresceu, mas não foi ano exatamente de crise.
A mudança da Lei de Responsabilidade Fiscal é um atentado à viga mestra do edifício que os brasileiros construíram para ter uma moeda estável. Se a Fazenda considera que o custo da dívida dos entes federados ficou incompatível com a atual taxa de juros no Brasil, precisa abrir um debate amplo, sério e transparente para se encontrar a saída sem fazer rachaduras na sustentação da estabilidade.

Na época da renegociação, foram oferecidas duas taxas de juros aos devedores: quem fizesse um ajuste prévio pagaria 6%, quem não quisesse fazer pagaria 9%. A prefeitura de São Paulo escolheu não se ajustar e pagar mais. Agora, o governo está oferecendo a todos os juros de 4%.

A conta dos desatinos fiscais da atual equipe econômica chegará, mas quando os autores das artimanhas contábeis não estiverem mais lá para responder. Como sempre, a conta cairá sobre a população. O governo militar inventou artefatos de fabricação de dinheiro que produziram inflação. A democracia consumiu uma década para desarmar essas bombas. Os riscos a que o governo tem exposto o país são enormes.

Era preferível o governo ter simplesmente admitido que em 2012 arrecadou menos do que previa e, por isso, não pôde cumprir a meta. Ao mesmo tempo, se comprometeria a fazer esforço extra em ano de maior crescimento.