Juremir Machado publicou um resumo em seu blogue no dia 1 de março sobre a ex-candidata a presidente Marina e seu novo partido político, o REDE. Cito resumo, pois resume bem todas as circunstâncias deste momento para Marina e seu novo partido. Além disso, me parece, a leitura permite situar seus possíveis filiados e adversários.
Publico abaixo o texto completo.
Marina
Silva e a sua Rede
Postado por Juremir em 1 de março de
2013 - Política
Escrevi, outro dia, sobre o novo partido de Marina
Silva.
A exemplo de muitos colegas de mídia, não fui
totalmente convencido pelo discurso feito pela ex-senadora. Pareceu-me um
partido, ainda que sedutor, progressista e moderno, feito sob medida para a
candidatura de Marina à presidência da República. Nada de ilegal ou de imoral
nisso, mas é algo que acontece com frequência. Uma das questões cruciais é a
dos fichas sujas.
É tema complexo, pois atenta contra a presunção de
inocência.
Por outro lado, a não aplicação dessa barreira, tem
facilitado a vida de muita gente não inocente neste Brasil escolado em dribles
na justiça e na moral.
Eu acredito nas boas intenções de Marina Silva.
Mas acho que ela ainda terá de ser mais convincente
em temas como aborto.
Comparei a sua posição sobre não ser situação nem
oposição com aquela feita por Kassab quando fundou o PSD. Muita gente
competente discorda.
Eu fiz minha consideração tendo ouvido na televisão
a explicação completa de Marina sobre esse item. Entendi as nuanças, não fazer
ao oposição ao que for considerado certo, não apoiar por pragmatismo o que está
errado.
Um amigo me enviou a fala dela que eu tinha ouvido:
“No Brasil, o padrão que se criou é o de ‘partidos de oposição’ que questionam
tudo o que os governos fazem e se opõem a todas as suas iniciativas, inclusive
aquelas que eles mesmo sabem que são corretas e necessárias; por outro lado, os
chamados ‘partidos de situação’ defendem os governos em tudo, inclusive
naquelas iniciativas e condutas que eles sabem que são insustentáveis. Uma
parte da desmoralização da política está precisamente aí, nesta postura
alienada do bem comum. Neste sentido, a Rede não será ‘de oposição’ ou ‘de
situação’, ela será um partido de posição. Nos temas da sustentabilidade e nas
condutas que consagram as velhas formas de fazer política, nós seremos oposição
ao governo federal;
nos temas da inclusão social, como o bolsa-família ou o Prouni, nós daremos integral apoio”.
Faz sentido, tem coerência e razoabilidade, mas não
me convence totalmente.nos temas da inclusão social, como o bolsa-família ou o Prouni, nós daremos integral apoio”.
Há uma totalização: nem sempre isso acontece. Pedro
Simon votou contra a eleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado.
Ana Amélia Lemos também. É pouco? Claro. Mas são atitudes que não podem ser
ignoradas.
Um partido que não está na base do governo, por ter
projeto próprio, precisa assumir “posição” e ser de oposição. Não de oposição
extremista e inconsequente, raivosa e ideológica no sentido da deformação da
realidade, mas de oposição na medida em que, se não está na base do governo, é
por ter posições essenciais, traduzidas num projeto, que o opõe à situação.
Embora as intenções de Marina e Kassab sejam
diferentes, pois ela quer trabalhar pelo Brasil e Kassab está mais preocupado
com seus interesses, as frases de ambos não são muitos distintas. Kassab também
quis dizer que apoiaria o que lhe parecesse bom e recusaria o que lhe parecesse
ruim.
Marina saiu do PT por se opor ao seu modo de
atuação.
Saiu do PV pelas mesmas razões.
Ela faz oposição ao petismo no poder.
Certamente se fosse o governo do DEM a sua oposição
seria mais clara e a sua frase menos nuançada. Nada de estranho nisso. Ela tem
muitos pontos de contato com seu antigo partido. Creio que a sua frase ficaria
mais convincente se fosse assim: “Faremos oposição responsável: apoiaremos o
que nos parece correto e combateremos o que nos parece errado. Temos um projeto
próprio, que se opõe, na essência, ao que está sendo executado pela atual
situação”.
Um partido consequente que nasce, por ter um
projeto alternativo aos que estão no mercado político, e não se declara de
oposição, embora defenda posição, joga um pouco com as palavras. A Rede de
Marina é de oposição, como se diz, a tudo que está aí, mas quer fazer oposição
qualificada, consequente, madura, refletida, diferente da oposição fanática que
se fazem PT e PSDB, por exemplo. Mas a sua declaração, apesar de todas essas
ressalvas, lembrou muito mais o pragmatismo de Kassab, embora com embalagem
mais sofisticada, do que uma ruptura de paradigma.
No comando de um partido ousado, Marina terá de se
acostumar a ter cada uma das suas declarações analisadas, discutidas, pesadas e
até contestadas.
Marina tem ideias arrojadas. Vai precisar debulhar
a cada dia as pequenas ou grandes contradições que um projeto de poder
inevitalmente produz.
Dou a mão à palmatória: compará-la com Kassab não
deixa de ser injusto.
Mas ela vai precisar produzir frases melhores para
ficar bem longe dele.http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=3877

Tudo por política, para se ajeitar na vida.
ResponderExcluir