sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Saudades do Portinho


Hoje me bateu uma saudade profunda da minha Porto Alegre ao ler um poema de Mário Quintana. Por mais que goste desta Brasília que aprendi a amar, não há como esquecer o primeiro amor. Saudade daquela picanha do 35, dos peixes e tartarugas do parcão Saudades do Beira-rio. Saudades do Iguatemi e da Rua da praia. Enfim, um pouco de nostalgia alimenta a paixão.
Só mesmo um poeta para ligar este gatilho de amor no coração e na mente das pessoas.


O MAPA

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(É que nem que fosse o meu corpo)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei

(E há uma rua encantada
Que nem em sonho sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...


Mário Quintana

Nenhum comentário:

Postar um comentário