Hoje me bateu uma saudade profunda da minha Porto Alegre
ao ler um poema de Mário Quintana. Por mais que goste desta Brasília que
aprendi a amar, não há como esquecer o primeiro amor. Saudade daquela picanha
do 35, dos peixes e tartarugas do parcão Saudades do Beira-rio. Saudades do
Iguatemi e da Rua da praia. Enfim, um pouco de nostalgia alimenta a paixão.
Só mesmo um poeta para ligar este gatilho de amor no
coração e na mente das pessoas.O MAPA
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse A anatomia de um corpo...
(É que nem que fosse o meu corpo)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto AlegreOnde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonho sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
Mário Quintana
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